sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Capítulo Informativo 002 - COMO FOI FORMADO O SOLO, ESSA IMPRESSIONANTE FONTE DE VIDA

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
Claire Asher - BBC Earth


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Image captionFotografia de microscópio do solo



Nós quase nunca pensamos nisso, mas sem o solo provavelmente estaríamos todos mortos.

A terra é crucial em quase todos os aspectos da vida humana, para armazenar e filtrar água, regular o clima, prevenir enchentes, reciclar nutrientes e decompor matéria orgânica.

A terra sob nosso pés também é uma grande fonte de biodiversidade: algumas estimativas indicam que pelo menos uma quarto de todas as espécies vive dentro ou sobre o solo.

E ainda estamos descobrindo seus tesouros: em janeiro de 2015, cientistas anunciaram a descoberta do primeiro antibiótico em 30 anos em bactérias do solo.

"A biodiversidade do solo fica escondida, mas ela é crucial para ecossistemas saudáveis, e basicamente por humanos saudáveis", dizem Tandra Fraser and Diana Wall, da Global Soil Biodiversity Initiative.

Mas da onde veio o solo, e por que ele é tão fundamental para a vida na Terra?

Quando o sistema solar nasceu, antes de nosso planeta se formar, os componentes essenciais do solo vagavam insuspeitos na escuridão do espaço. A prova disso são meteoritos conhecidos como condritos carbonáceos, que datam dos primórdios do sistema solar e são ricos em minerais de argila que integravam os primeiros solos terrestres.



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Image captionO meteorito Murchison é um condrito carbonáceo



Após a formação da Terra, há cerca de 4,6 bilhões de anos, esses solos ricos em argila se desenvolveram em nosso jovem planeta. Mas as condições eram difíceis: grandes e frequentes meteoros teriam derretido e pulverizado grandes volumes desse antigo solo assim que ele se formava.

"Há discussões sobre se toda a superfície da Terra derreteu", diz Gregory Retallack, especialista em solos antigos da Universidade do Oregon em Eugene, nos Estados Unidos.

Ele defende a teoria de que apenas metade da Terra derreteu ao mesmo tempo.

Há cerca de 3,8 bilhões de anos, as condições na Terra começaram a se estabilizar. O constante bombardeamento por meteoros que até então atormentava o planeta começou a se acalmar, e a água líquida pôde condensar, formando lagos e oceanos. Isso marcou um ponto importante na história do solo.

A água desgastou e erodiu a rochosa crosta da Terra, gerando matéria mineral e formando mais solos permanentes.

Formas de vida

A primeira forma de vida na Terra pareceu, provavelmente, um pouco depois, cerca de 3,5 milhões de anos atrás; algumas das evidências mais antigas disso vêm de fósseis que se formaram em litorais rochosos e lembravam tapetes microbianos chamados estromatólitos, que ainda são encontrado na Terra hoje.

Praticamente desde o momento em que surgiu, a vida começou a influenciar o solo - e vice-versa. Por exemplo, esses primeiros tapetes microbianos eram feitos de organismos que faziam fotossíntese, que podia produzir grandes volumes de material orgânico usando energia do sol.



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Image captionEstromatólitos contemporâneos na Austrália


Essa matéria orgânica gradualmente se acumulou na linha costeira, onde se misturou com os minerais liberados pela erosão das rochas para criar o que pode ser considerado o primeiro solo de verdade.

Mas isso não era a terra como conhecemos hoje. Esse solo era fraco na tarefa de acumular água e nutrientes que mantém a vida. A capacidade do solo de acumular água depende de poros que se formam entre os grãos; mas a estrutura simples dos solos primordiais fazia com que eles escoassem rapidamente, levando nutrientes no processo.

Por causa disso, a terra permanecia um habitat inóspito, e a vida estava restrita à costa, onde a água estava disponível de forma imediata.

Nenhum organismo individual tinha as adaptações necessárias para se distanciar da costa e colonizar completamente solos de baixa qualidade. A chave para colonizar a terra foi a cooperação – mais especificamente, o surgimento dos liquens, entre 700 e 550 milhões de anos atrás.

Trocas benéficas

Liquens são organismos impressionantes. Seu tecido é formado por uma interação entre algas e fungos, que às vezes envolve bactérias – organismos representando três reinos diferentes. Os liquens são extremamente resilientes e se adaptam facilmente devido a essa relação simbiótica única.

Algas podem fazer fotossíntese, dando energia ao liquens, enquanto os fungos coletam água, impedindo a desidratação dos liquens. Os fungos têm filamentos longos e finos, que são extremamente bons em recolher água do ambiente, e também conseguem reciclar água durante a respiração. Mais importante do que isso, os liquens contêm bactérias fotossintéticas - chamadas cianobactérias - capazes de capturar nitrogênio do ambiente, liberado quando elas morrem, fertilizando o solo.



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Image captionLiquens são organismos resistentes



Trabalhando juntos, esses organismos diferentes combinaram suas habilidades para colonizar o solo que cobria a Terra há meio bilhão de anos. Até hoje, os liquens estão entre os organismos mais adaptáveis da Terra.

"Liquens podem colonizar pedras", diz Paul Falkowski, da Universidade Rutgers em Nova Jersey, nos EUA. "Eles também produzem ácidos orgânicos que aumentam o intemperismo", diz.

Isso significa que os liquens não apenas se mudaram para os solos primitivos da Terra – eles também o modificaram.

Ao acelerar o efeito de intempérie nas rochas, os liquens liberam ainda mais nutrientes no solo, tornando-o mais fértil e abrindo caminho para que outras formas de vida se mudassem para a terra.

"Os liquens foram decisivos para a colonização da terra pelas plantas", diz Falkowski.

Essa segunda onda de colonização começou há cerca de 440 milhões de anos - e as primeiras plantas terrestres logo começaram a alterar o solo elas mesmas. "Elas criaram uma estrutura de solo mais marcada", explica Retallack, e elas ajudaram a liberar nutrientes como fósforo e potássio no solo. "Isso teve uma efeito de fertilizar tanto a terra quanto o mar", adiciona.



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Image captionSolo é essencial para diversos organismos


Uma das chaves para o poder fertilizador das plantas foram os fungos em suas raízes. Essas micorrizas evoluíram há cerca de 500 milhões de anos, antes mesmo de as plantas desenvolverem raízes.

Assim como os fungos nos liquens, micorrizas absorvem energia ao cooperarem com plantas que fazem fotossíntese - e também aqui os benefícios são mútuos: as micorrizas têm filamentos que aumentam o alcance das plantas e faz com que elas fiquem mais estáveis, e permitem que elas absorvam nitrogênio e outros nutrientes do solo.

Filamentos de micorrizas também penetram as rochas, liberando nutrientes como fósforo, cálcio e ferro e aumentando o volume de solo.

Os cientistas acreditam que essa relação de mutualismo foi essencial para a evolução das plantas terrestres.

"Essa relação benéfica para os dois ajudou as plantas a colonizar a terra antes de elas terem raízes e antes de o solo ser como conhecemos hoje", explica Katie Field, da Universidade de Leeds, no Reino Unidos.

"Com o passar do tempo, as plantas evoluíram e viraram estruturas mais complexas, desenvolvendo plantas e sistemas de raízes", completa. Isso trouxe mais matéria orgânica para o solo e ajudou a estabilizá-lo contra a erosão.

Depósito de água

Hoje, relações de mutualismo como essas formam a base do ciclo de nutrientes, sem o qual nós passaríamos fome. Mais de 80% das plantas constroem relações entre suas micorrizas e filamentos de fungos, e isso é crucial para liberar nitrogênio no solo.

Micorrizas também formam grandes redes, que estabilizam a estrutura do solo e permitem que as plantas se comuniquem, dando a elas o apelido de "internet da Terra".

À medida que as plantas colonizaram a terra e começaram a liberar grandes quantidade de matéria orgânica no solo sua capacidade de estocar água aumentou. O acúmulo e filtragem de água é uma das funções mais importantes do solo até hoje: dependemos disso para água potável e agricultura. Essa capacidade também é importante para reduzir o risco de enchentes, além de ser um proteção contra a seca.



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Image captionRaízes de plantas abrigam fungos


A água subterrânea forma cerca de 20% do água potável do mundo, embora represente menos de 1% da água da Terra. É um importante reservatório de água potável e de irrigação, com 125 trilhões de litros apenas nos solos dos Estados Unidos.

Há um capítulo final da evolução do solo moderno. Em algum momento entre 490 e 430 milhões, os primeiros animais começaram a sair dos oceanos e colonizar a terra. Há cerca de 420 milhões de anos, os invertebrados terrestres estavam em ascensão - e, mais uma vez, o solo mudou como consequência disso.

Esses animais era herbívoros, que devoravam os tapetes de algas e líquen que povoavam a terra e devolviam nutrientes para o solo. Eles também começaram a colonizar o solo e a misturar matéria orgânica morta e outros mineiras nas pedras. Essa ação mudou a estrutura do solo e ajudou as plantas a continuarem seu desenvolvimento.

A variedade de organismos vivendo no solo aumentou rapidamente. Novos invertebrados apareceram, incluindo embuás, ácaros e ancestrais de aranhas. Há cerca de 360 milhões de anos, os solos já eram muito parecidos com os de hoje, com a mesma variedade que encontramos sob nossos pés atualmente.

Futuro

E a história do solo continua a se desenvolver como consequência de nossas ações nos últimos séculos.

Desde a década de 1960, o uso de fertilizantes de nitrogênio aumentou cerca de 800%. E o excesso de nitrogênio é carregado pelas águas das chuvas para rios e correntes de água, onde pode causar fenômenos como "marés vermelhas", levando à liberação de óxido de nitrogênio, uma gás de efeito estufa perigoso para a saúde humana.

Alterações no solo provocadas pela ação humana preocupam porque ele responde lentamente a mudanças - danos podem levar décadas e até séculos para serem consertados.



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Image captionAnimais que escavam, como formigas, transformam o solo


O solo também pode ser uma fonte de gases de efeito estufa. Ao acumular matéria orgânica, ele se torna um grande depósito de carbono, impedindo que este se transforme em CO2 na atmosfera.

Mas quando, por exemplo, turfa é queimada, o carbono consegue sair para a atmosfera, como ocorreu no incêndio ocorrido na Indonésia no ano passado, que liberou diariamente mais gases de efeito estufa que os EUA e passou a ser chamado de "o grande desastre ambiental do século 21".

Práticas modernas de agricultura também são prejudiciais para as micorrizas, reduzindo a capacidade das plantações de obter nutrientes vitais e degradando o solo no processo.

Na verdade, nossa agricultura está revertendo bilhões de anos de evolução do solo e tornando solos mais vulneráveis à erosão. Metade da camada superior do solo, sua parte mais ativa e importante, se perdeu nos últimos 150 anos.

Solos erodidos seguram menos água e nutrientes, tornando difícil plantar nestes locais e deixando a terra mais vulnerável a enchentes e secas. Os sedimentos do solo têm que ir para outros locais, então a erosão também entope nossos rios, matando os organismos que vivem ali.

O problema pode ficar pior. A intensificação da agricultura está destruindo solos em todo o mundo, e com a previsão de que a população chegue a 9 bilhões em 2050, a segurança alimentar do futuro está em jogo.

A boa notícia é que se começarmos a tomar conta da terra podemos aproveitar seu capacidade de estocar carbono, entre outras coisas, e usar isso para combater a mudança climática.




Fonte http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160127_vert_earth_solo_lab

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Capítulo Informativo 001 - A MISTERIOSA ESTRUTURA NO UNIVERSO

A misteriosa estrutura espacial gigante invisível que intriga astrônomos.

Estrutura misteriosa foi detectada pela primeira vez há 30 anos
Com ajuda do telescópio gigante CSIRO, o astrônomo australiano Keith Bannister passou a vasculhar o céu todas as noites em busca de uma fonte eletromagnética na constelação de Sagitário.

Ele procurava por algo na Via Láctea que fosse como uma lente transparente que distorcesse o que estava atrás dela.

E, assim, acabou encontrando uma gigantesca estrutura invisível, cuja existência só havia sido insinuada em algumas poucas ocasiões e por acidente.

Uma entidade transparente que flutua em nossa galáxia e que poderia ser a chave para resolver um dos grandes mistérios do universo.

"Para começar, não tínhamos ideia de como encontrar essa coisa. Só sabíamos que era um velho problema e que ninguém havia conseguido resolver de fato", conta Bannister.

Trata-se de uma massa do tamanho da órbita da Terra ao redor do Sol e que pode estar a cerca de 3 mil anos luz de distância.

Segundo Bannister, esses "vultos" estão no fino gás que está entre as estrelas de nossa galáxia.

"São como um taça de vidro. Se olhar através deles, o que está atrás fica distorcido", acrescenta.

Descoberta

A primeira vez que se tomou conhecimento destas estruturas foi nos anos 1980. Astrônomos observavam diariamente uma galáxia distante e viram como ela se comportava de uma forma estranha.

"Ela ficava mais e menos brilhante", conta Bannister. "No fim, não era a galáxia que se comportava assim, mas algo que estava em nossa galáxia e que funcionava como uma lente."

O tempo passou, a tecnologia avançou, e esta equipe de cientistas australianos - que não trabalhou com os pesquisadores de 30 anos atrás - "caçou" um destes corpos estranhos.

Seu descobrimento foi publicado neste mês na revista Science. "Isso podia mudar radicalmente as ideias que temos sobre este gás interestelar", diz Bannister.

"Tudo depende do que descobriremos a seguir e da forma exata que tenha."

Se a estrutura for lisa, como uma folha de papel, não será tão relevante. Mas, se for oval, como uma avelã...

"Se tiver esta forma e isso se dever à gravidade, isso poderia ser a solução de um dos grandes problemas da astronomia, que é onde está toda a matéria normal do universo", explica o astrônomo.

Na astronomia, há ao menos dois problemas não solucionados: um é a matéria escura e outro é a matéria bariônica.

"E isso não é matéria escura", garante Bannister.

Ilustração mostra como seria a matéria transparente encontrada por cientistas
'Grande experiência'

"Os astrônomos pensam que 4% do universo é composto por essência, átomos das coisas com as quais somos feitos, você, eu, a Terra, o Sol... coisas normais", explica.

"O problema é que nós, astrônomos, não podemos encontrar essas coisas normais que pensamos que devem estar por aí. Estão perdidas, e não sabemos onde", destaca.

Se a estrutura que acabam de descobrir tiver a forma de uma avelã ou de uma bola de tênis, então, é provável que toda essa essência ou bárions estejam escondidas dentro destas lentes.

Mas Bannister está cauteloso. "Não estou seguro de nada até que consigamos medi-la."

Por enquanto, ele desfruta da satisfação de ter encontrado essa estrutura que deixam muitos astrônomos, inclusive ele, desconcertados.

"Tenho três filhos e, todo dia, íamos para o telescópio e eu ficava recebendo os dados com meus filhos sentados em meu colo. Eles me perguntavam o que estava acontecendo, e eu mostrava para eles a informação, que eles não compreendiam", relata.

"Mas eu estava emocionado, e eles estavam emocionados por causa dos belos dados que o telescópio nos estava oferecendo. Isso foi uma grande experiência."

Fonte http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160122_estrutura_espacial_rb

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Terceiro Capítulo - A NOITE ESCURA

A origem de tudo, segundo os conceitos científicos e religiosos, partiu das trevas. Mas estas trevas são completamente diferentes do nosso entendimento e mergulham em conceitos metafísicos.

O "Big Bang", por exemplo, partiu de uma condição extrema de calor e densidade da energia. Isso, no meio físico e temporal finito em que vivemos, representa luz, claridade. Mas claridade numa condição tão densa, que se faz trevas, pela intensidade de sua radiação, ao olhar humano. Ninguém suportaria dirigir seu olhar a uma radiação luminosa dessa categoria sem danificar sua visão e trazer à sua vida a maior das escuridões.

Essa luz, aos filósofos, fala de origem também. É uma luz diferente, conceituada por São João da Cruz no seu poema "A Noite Escura da Alma". É a escuridão da alma diante de Deus. Da alma contemplativa que precisa galgar moradas como conta Santa Tereza de Ávila.
Nesse estágio de contemplação, nada compreendemos e nada sabemos. Caminhamos em plena escuridão da consciência e exploramos momentos extremamente densos e quentes nas emoções experimentadas, sem contudo ter o domínio da situação nem o conhecimento das causas. Podemos dizer até que luz e trevas se confundem, não permitindo, sem um grande conhecimento da verdade, o discernimento espiritual. Vale nessas ocasiões, submeter-se ao profundo acompanhamento de um conceituado mestre, conhecedor profundo das ciências religiosas.

As trevas, como uma noite muito escura, acompanha o ser humano em todas as suas experiência em busca da felicidade. Bem, porque, esse prazer não se constrói sem antes passar por dores e perdas. Esse prazer que buscamos ardentemente é pautado por conquistas, que vão desde o conhecimento interior da alma que sofre com a perda do elo com o criador, até a chama que brota do conhecimento da verdade da palavra divina.

E Jesus, na sua intensidade cristológica, imersa na Santíssima Trindade, conforme a doutrina da Igreja Católica, nos remete ao pleno entendimento da felicidade, conforme os seus ensinamentos descritos nos Evangelhos e nos promete o Reino de Deus, como algo a ser alcançado pela santificação.

A felicidade, uma busca pessoal e constante, experimentada também de uma forma única, por cada ser humano, desde que somos únicos na unicidade com o Criador e únicos na natureza divina e na natureza material.

Isto posto, podemos imaginar, que a busca da felicidade se funde com a busca dos nossos caminhos, dos nossos meios e das nossas origens.



Próximo capítulo: Teoria do Genero - o mundo bipolar - Gênesis - Faça-se - O verbo - 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Segundo Capítulo - AS QUATRO NOITES DE SÃO JOÃO DA CRUZ


Um resumo da doutrina de São João da Cruz:
São João da Cruz fala de quatro "Noites", duas passivas e duas ativas; duas dos sentidos e duas do espírito.
São elas:
- noite ativa dos sentidos;
- noite ativa do espírito;
- noite passiva dos sentidos;
- noite passiva do espírito.
As duas primeiras são tratadas no livro "Subida do Monte Carmelo", e as duas últimas no livro "Noite Escura". As "Noites" são o mesmo que purificações. Noites "ativas" são aquelas purificações que a alma opera pelo seu próprio esforço e luta; é a parte ascética. Noites "passivas" são aquelas em que é Deus mesmo quem age e purifica; é a mística.
A "noite ativa dos sentidos", consiste em toda sorte de penitências e mortificações dos sentidos, procurando não sentir gosto ou prazer em nada que venha dos sentidos. João da Cruz resume essa etapa de mortificações dizendo que a alma deve em tudo imitar Cristo, e deve em tudo tentar assemelhar-se a Ele, que não buscou o que lhe agradava, que não tinha onde reclinar a cabeça, e que não tinha melhor alimento que não fosse fazer a vontade do Pai.
A "noite ativa do espírito" consiste numa purificação das três potências da alma: inteligência, vontade e memória. Consiste numa espiritualização dessas três faculdades, purificando-as por meio das três virtudes teologais. Assim, a fé deve purificar e substituir a inteligência; a caridade deve purificar e santificar a vontade; e a esperança deve purificar e espiritualizar a memória. João da Cruz costuma de maneira especial usar o termo "Noite Escura", para as "purificações passivas".
A "noite passiva do sentido", consiste num estado místico, ou numa forma de oração em que a alma nada sente, nada experimenta, nada prova. É um período de deserto, trevas, aridez, desolação e noite. A alma sente-se abandonada por Deus. Deus retira aquelas "doçuras" e "suavidades" que a alma costumava encontrar na oração. No entanto a alma que está na "noite passiva do sentido", está muito adiantada, e ela sente, as vezes, que nunca esteve tão próxima de Deus e da verdade como agora que anda nas trevas, na aridez e na escuridão. A "noite passiva do sentido" é a preparação para a "vida mística". A "vida mística" ou "oração mística", se caracteriza de maneira especial pela passividade. É quando a alma não fala mais, não discursa mais, não tem mais palavras e permanece em silêncio amoroso diante de Deus. O início da "oração mística", consiste na "oração de simples olhar". É quando a alma apenas olha e cala, mas tem a vontade firmemente fixa e presa no objeto do seu olhar. A "noite passiva do sentido" é a entrada na "vida mística"; é quando a alma entra em si mesma e só encontra trevas e vazio. No entanto, estas trevas e vazio, são cheias de luz. Pois a alma compreende que está bastante adiantada na vida espiritual, e também porque recebe muitas luzes e compreensões a respeito de Deus. A noite passiva do sentido é a entrada na via mística, pois prepara a passagem da meditação discursiva para a oração contemplativa (mística).
São João da Cruz nos dá três sinais sobre quando se está pronto para passar da oração discursiva, para a oração contemplativa:
- O 1º sinal é não poder meditar nem discorrer com a imaginação, nem gostar disso como antes; ao contrário só acha secura no que até então o alimentava e lhe ocupava o sentido.
- O 2º sinal é não ter vontade alguma de pôr a imaginação nem o sentido em outras coisas particulares, quer exteriores, quer interiores.
- O 3º sinal, e o mais certo, é gostar a alma de estar a sós com atenção amorosa em Deus, sem discorrer com o intelecto, em paz interior, quietação e descanso, sem atos e exercícios intelectuais; mas apenas com a atenção e advertência geral e amorosa em Deus.
No princípio, entretanto, quando começa este estado, quase não se percebe essa notícia amorosa. Primeiro, porque no começo, costuma ser a contemplação muito sutil e delicada e quase insensível; segundo, porque tendo a alma se habituado à meditação (discursiva), cujo exercício é totalmente sensível, com dificuldade percebe esse novo alimento insensível e puramente espiritual. Em geral, a passagem da oração discursiva (meditação) para a oração contemplativa ou mística, se dá após um longo período da "noite passiva dos sentidos".
A "noite passiva do espírito" consiste num tipo de sede ardente, ou de forte saudades de Deus. A alma toma forte consciência de seus defeitos e imperfeições e sente-se abrasada em uma imensa sede amorosa por Deus.
Essa é a última das purificações, ou noites; após vêm um estágio denominado Desposório Espiritual, e por fim o Matrimônio Espiritual, que é o estado mais elevado que se pode atingir nesta terra, e que consiste numa plena união com Deus e numa total divinização da alma.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Primeiro Capítulo - O BIG BANG

Quem somos e de onde viemos?
Esta é a pergunta que incomoda o ser humano desde a sua origem. E desta pergunta, sempre nebulosa, desenvolveu-se toda ciência que hoje nós temos conhecimento. Dela também desenvolveu-se a religião, a filosofia, a teologia, a metafísica, e tantos outros conhecimentos que dominam a humanidade. Um dos mais importante para os nossos dia é a "Teoria do Caos". Nela se completou o conhecimento para que tivéssemos a compreensão dos sistemas complexos e dinâmicos.

Das diversas teorias científicas a mais consistente e a do "Big Bang". A existência de vários Universos que pulsam e ocupam espaços, como se a eternidade respirasse, faz-nos crer que a criação divina macrocosmica é perfeitamente compreensível e observada no microcosmo atômico pela física quântica.
Segundo os físicos, o Big Bang, explosão que deu origem ao Universo, deu-se a partir da matéria extremamente densa e quente. Nessa explosão a matéria passou a expandir-se formando o Universo conhecido e sempre em expansão. Supõe-se que chegará um tempo em que essa expansão cessará e haverá então uma retração que o levará de volta à origem extremamente densa e quente e tudo se iniciará novamente. Assim sendo podemos ter vários universos em expansão e contração ocupando a eternidade.

Mas o que realmente nos interessa, nessa reflexão, é buscar compreender a felicidade. A felicidade na sua intensidade estrema, como nos foi legada e apresentada por Jesus Cristo, quando nos propôs o Reino dos Céus. Este prazer com o qual  fomos contemplados, como um especial dom, insondável e complexo, para que o desfrutemos intensamente. Ela está inserido em todos os ensinamento de Jesus na sua rápida passagem, como divino e humano, em nosso meio físico. Ele se fez homem e se fez divino, buscando nos mostrar os verdadeiros caminhos para a felicidade e a santificação. E também nos mostrou o valor do desprendimento para atingi-la.   E onde buscar ou encontrar essa felicidade que recebemos mas nem sempre sabemos conquista-la ou estabelecer seus paradigmas?